Sobre livros, leitores, proibições e liberdade - queime depois de ler

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Gostaria de começar compartilhando esse texto que participou da seleção para a antologia "Livros" da Editora Estronho. Infelizmente não tive resposta positiva, mas espero que gostem. Foi entitulado Sobre livros, leitores, proibições e liberdade - queime depois de ler. Só para que vocês saibam o tema: a ideia era fazer um conto onde imaginávamos um mundo onde a leitura era proibida. A Estronho sugeriu que lêssemos Farenheit 451 de Ray Bradbury para a inspiração. Também usei o filme Equilibrium em minha elaboração.
Clique em "mais informações" para ler o texto na íntegra.


Sobre livros, leitores, proibições e liberdade - queime depois de ler

por Marcia Litman

Houve um tempo em que era possível carregar um livro consigo, sem temor.

Era natural encontrar um leitor em qualquer lugar. Eram pessoas facilmente identificáveis por carregar um livro amigo sempre consigo. Era possível visualizar o pequeno volume guardado em uma bolsa ou carregado embaixo do braço. Isso quando o indivíduo não o lia onde quer que estivesse: fosse no transporte público, uma fila qualquer ou enquanto esperava alguém em um parque numa agradável tarde de sábado. Lá estava o sujeito, consumido pelas páginas atraentes de seu companheiro de papel, tinta e sonhos.

Você talvez seja muito novo, e não tenha vivido isso. Ou até não se lembre de tempos mais antigos, quando as pessoas tinham o hábito que hoje é tão proibido que chega a ser um crime quando mencionado. Mas sim, a leitura era comum e altamente praticada por vários indivíduos que apreciavam tal prazer. Até que a lei os impediu disso. E então tudo mudou drasticamente, como quando as nuvens escuras envolvem os brilhantes raios de sol antes da tempestade.

Saiba que, em outros tempos, quando a leitura era permitida, havia pessoas que devoravam livros e viajavam em seus universos mágicos. Era possível conhecer outros lugares, tempos e realidades, como se fossem portais acessíveis, onde bastava abrir a sua capa, espiar suas páginas e entregar-se ao porvir de um novo mundo, igualmente desconhecido e atraente. Não havia como resistir aos seus encantos; o chamado era muito mais forte que as ganas do caro leitor, que se via ansiando pela jornada que lhe era prometida por uma capa sedutora e um resumo arrebatador.

Tal leitor, ávido pelos mistérios dos livros, era sujeito muito bem apreciado. Ele era considerado inteligente e culto, muito embora perguntassem a ele o motivo de trocar certos prazeres pelos encontros torrídos com a leitura. Mas ele era livre para fazê-lo, mesmo que pouco compreendido.
Era um orgulho carregar tal volume debaixo do braço, exibí-lo. Criava-se uma relação com aquele amontoado de páginas cobertos por letras, frases e emoções. Era como se ele fosse uma extensão do próprio leitor. E, por algum tempo, isso se fazia totalmente verdadeiro. Leitor e livro se complementavam em uma dinâmica quase inquebrável. E, ao final da relação de mútua descoberta, o sujeito se encontrava perdido, pois tal envolvimento era íntimo e real. Com certeza não se repetiria da mesma forma, afinal não existe dois livros iguais. Ou mesmo dois leitores que o interajam com um mesmo livro de forma semelhante. E essa era a beleza do processo, uma vez que uma única história poderia produzir efeitos diferentes nas mais diversas pessoas que se entregavam a ele.

A busca por novos livros era igualmente prazerosa e compensadora. Era um ritual obrigatório para o leitor que desejava prosseguir em sua relação com a leitura. Visitar uma livraria era quase adentrar o paraíso, um lugar mágico, do qual era impossível ter o desejo de abandonar. Era quase possível ouvir pequenas vozes de personagens ansiosos por se fazerem conhecidos, implorando pela sua atenção. E você era atraído para diversos deles, sem nunca se decidir realmente sobre o que queria conhecer: Paris? Londres? Cairo? Passado? Futuro? Um outro planeta, talvez? Pegar uma carona em um navio pirata ou conhecer a corte de algum rei cruel? Um mago ou um soldado? As oportunidades simplesmente se abriam diante de seus olhos, e escolher era quase um pecado diante de tudo o que era possível fazer apenas ao embarcar nas letras mágicas dos exemplares que ali estavam disponíveis.

Quando a escolha era feita, uma satisfação invadia seu coração, sem reservas. Suas mãos corriam orgulhosas pela capa, como se fosse um prêmio faturado após muito custo. Era seu primeiro e tão valioso contato com o novo portal literário escolhido após tantas dúvidas cruéis e opções igualmente atrativas. Depois bastava abrí-lo, e ter as narinas invadidas pela deliciosa sensação de livro novo; o cheiro de novidade, aventuras e fronteiras nunca antes visitadas. Aquelas páginas quase imploravam pela atenção de suas orbes, que correspondiam o desejo na mesma medida. As letras saltavam em sua direção, a tinta tomando um caráter mágico e hipnotizante. E a nova viagem começava. Envolvente e encantadora. Um universo todo desconhecido se abria diante de você, e a pergunta a invadir a sua cabeça era sempre: “como foi possível que eu ainda não conhecesse isso?”. Não era exatamente um arrependimento, somente um modo de apreciar ainda mais o que estava diante de você. Afinal havia uma grande dose de gratidão e entusiasmo percorrendo suas veias, mexendo com todos os seus sentidos.

E você se sentia livre por alguns instantes, como se nada pudesse prendê-lo ou impedi-lo. Nada era distante o suficiente. Tudo aparentava ser possível. Sua mente embarcava na viagem literária e você poderia ser testemunha dos acontecimentos mais incríveis do mundo, fossem eles reais ou ficcionais. Você fazia parte daquilo, muito embora, algumas vezes, a impotência o dominava diante das cenas propostas pelo autor. E, mesmo quando tudo escapava de seu controle, tomando a forma de coisas totalmente inesperadas, não era possível conter a ansiedade. Você precisava saber o destino daqueles personagens que, página por página, iam se tornando seus conhecidos, quase amigos. Eles eram muito mais reais que muitas outras coisas que você sabia que não conseguiria viver. Era quase possível jurar que você os conhecia melhor que qualquer outra pessoa que realizasse a mesma leitura e viagem por aquele universo. Simplesmente porque a história contada tomava conta de você de modos imensuráveis, e propagando ideias das quais você jamais teve contato até então.

As ideias tomavam conta de sua mente, e isso pode ser assustador às vezes.

Não para o caro leitor que tinha prazer em tal leitura, e por ela se deixava envolver, sem nenhuma reserva ou temor. Esse se via modificado e impactado por cada nova viagem em forma de livro. Seus pensamentos mudavam gradativamente. Ele aprendia a ver o novo em meio ao mesmo. Seus conceitos se solidificavam mais que nunca. Nada em torno dele permanecia do mesmo jeito, e era possível perceber em si mesmo as diferenças, que cresciam a cada segundo. As perguntas começavam a ser feitas; aquelas que ninguém deseja responder. E, mesmo quando a inquietação vinha tirar-lhe o sono; aquelas ideias que inicialmente eram apenas pequenas sementes plantadas pelos livros em sua mente, mas que germinavam e cresciam rapidamente, de um modo visível, e aos poucos se tornavam um conhecimento quase impossível de ser contido ou controlado, não era possível ser conformar e parar por ali. Pelo contrário, era como se a Caixa de Pandora se abrisse mais uma vez. Porém, ao invés de libertar todos os males do mundo, ela apenas mostrava a realidade até então encoberta aos seus olhos. E era essa parte que começava a assustar os outros à sua volta.

Muito foi dito nas últimas décadas sobre os perigos de uma leitura. Vários cientistas explanaram incansavelmente sobre os males e efeitos colaterais desse hábito tão insalubre. A inquietação, a insônia, o conhecimento danoso do que o rodeia. Para que questionar e ver o que há de errado ao seu redor, quando você pode simplesmente se conformar com a ordem estabelecida e apreciar os benefícios apresentados a você? Para que dar lugar às ideias que fogem do controle? Pequenos monstros que dominam os pensamentos e o tornam um sujeito inconformado? Quantos leitores já foram abordados acerca de seu constante e incessante questionamento sobre cada pequena coisa? Política, religião, sociedade, instituições que nada mais visavam que o bem de todas as pessoas eram colocadas em cheque todas as vezes pelas ideias propagadas por livros que nada mais eram que tinta e papel, mas capazes de causar estragos incalculáveis. Quantas revoluções e guerras foram iniciadas por esses exemplares cheios de “ideias” e causavam mortes e destruições que extrapolavam qualquer contagem ou estatística?

Por quê não cultivar uma sociedade pacífica, livre dos danos que esses livros podiam trazer? Não era esse o ideal, no fim das contas? Trazer a paz mundial?

Os discursos e as teses científicas convenceram multidões em todos os lugares, que logo tinham a mais absoluta certeza de que os livros eram a pior praga da humanidade. Houve uma comoção geral e quase uma comoção em massa quando leis de proibição de leitura começaram a ser promulgadas em vários países, em uma cascata forte e incontrolável. Era necessário tomar tal medida, diziam, antes que os livros destruam o mundo que conhecemos. E as vozes dos leitores que não estavam dispostos a abrir mão dos universos que possuiam foram caladas pelo argumento considerado incontestável pelas massas que haviam se convencido do que lhes fora posto como verdade, a mais inquestionável delas.

Pensava-se que as coisas não poderiam piorar, mas isso foi um ledo engano.

Nessa altura da leitura você já deve saber que um leitor, por definição, tem um desejo e uma fome quase incontrolável pelos objetos de sua obsessão. A proibição via lei não só provou-se insuficiente, como ampliou esses efeitos naqueles que se negavam a abrir mão da paixão em consumir as palavras atraentes de um bom livro. Eles simplesmente ignoraram qualquer impedimento imposto, continuando com os hábitos ilegais e abusivos, segundos as propagandas que circulavam em todos os meios de comunicação: televisão, rádio, internet e mensagens enviadas aos celulares de toda a população, como alerta aos perigos do ato sabiamente banido. Muitos escondiam os objetos literários onde quer que fosse possível; passagens secretas e esconderijos estratégicos foram construídos para esse fim, como escapada necessária. A compra dos novos exemplares era feita através de contrabando, traficando às escuras em locais estratégicos e pontos de encontro previamente conhecidos, embora fosse necessário que tais coordenadas fossem modificadas constantemente, de forma a não serem descobertas com tanta facilidade.

Os perigos foram crescendo. Os governos repressores bem sabiam que não tinham sufocado por completo os hábitos literários, e acentuaram a fiscalização. As penas se tornaram mais severas em alguns países: prisão perpétua e até pena de morte, dependendo da gravidade trazida pelo livro interceptado, eram aplicadas aos infratores ousados e contestadores. Eram sujeitos considerados ainda mais perigosos, por desafiarem a proibição com tanta convicção. Precisavam ser calados a qualquer custo, pelo bem dos demais cidadãos, que poderiam se tornar vítimas das infrações desses indivíduos que se mostravam tão malignos quanto as ideias que defendiam.
Porém, mesmo com tais penas, os hábitos não puderam ser completamente eliminados da humanidade.

Os governantes buscaram em povos antigos a sabedoria para resolver o problema que os atormentava. Lembrou-se de um hábito da Alemanha comanda por um certo governante chamado Adolf Hitler, e que se mostrou extremamente eficiente, pois os alemães há muito tempo já haviam descoberto que os livros eram perigosos e precisavam ser extintos. E esse povo foi muito eficiente no combate a esse mal, destruindo a fonte do tormento da humanidade. Os livros precisavam ser destruídos, de modo que não sobrasse nenhum exemplar que pudesse ser usado como objeto de crime.

Alguma vez você já sentiu o cheiro de papel queimado? Faça um experimento qualquer dia desses. É possível assegurar que, nem de longe, é tão agradável quando aquele odor prazeroso emitido por um livro novo. Muito pelo contrário; a fumaça penetra em suas narinas, sem convite, quase sufocando seus pulmões. Parece até bom no começo – talvez seja pelo fato de aquele papel um dia ter se destinado a abrigar as letras mágicas desenhadas pela tinta e que possuem a propriedade de encantar qualquer ávido leitor -, mas depois seu nariz se incomoda com aquela sensação e você sente a necessidade de fugir da incômoda fumaça negra que se espalha por todos os cantos ao seu redor. É difícil se livrar então do cheiro, e você percebe que ele toma conta de suas roupas, teimando a abandoná-las por um bom tempo.

Imagine então presenciar a queimada de mais de duzentos livros em praça pública. Era um evento promovido como um verdadeiro espetáculo para as populações. Mas, na verdade, tratava-se de uma tortura cruel aos amantes dos objetos literários. Pense na quantidade de fumaça emitida nesse processo. Porém, pior que isso: imagine as ideias e os sonhos que se perdem em meio às cruéis chamas perpetradas sobre os livros? Quantos autores, cujas vidas haviam se prolongado na humanidade através dessas páginas, foram complemente eliminados da humanidade, como se nunca tivessem existido? E quantos leitores deixaram de conhecê-los por terem visto, diante de seus olhos, as únicas cópias de tais obras se perderem no fogo?

Sei o que você pode estar pensando: que esse ponto de vista deve só pode ter vindo de um infrator maligno que já foi consumido pelas ideias perversas propagadas por livros que provavelmente foram lidos ilegalmente. Possivelmente, seria respondido a você, uma vez que o posicionamento aqui exposto é claro e explícito em seus objetivos. Mas devo dizer que admiro a capacidade que teve em detectar tais argumentos, uma vez que creio que não deve ser de seu hábito realizar grandes leituras, a não ser as estritamente necessárias, como manuais de televisão ou bulas de remédios.
Entenda: não quero dizer que você lê coisas sem importância. Muito pelo contrário, tais leituras tiveram que ser mantidas em seu dia a dia pelo fato de serem indispensáveis. Porém peço que reflita – e creio que esse será um exercício pouco familiar, mas que acabou de realizar quando construiu sua opinião – que esses documentos técnicos são destituídos desse caráter de formação de pensamentos. Eles são precisos nas informações que exibem, dessa forma não permitindo que aquele que lê-los tenha a menor dúvida.

Nesse momento, sei que você poderá perguntar se isso não é bom. Afinal, o grande tormento da sociedade, e que foi extirpado pelo advento da destruição dos livros, não é justamente essa dúvida, e a angústia trazida por ela? Talvez, seria uma resposta possível. Mas devo acrescentar que a dúvida também liberta, no sentido de você descobrir quais pensamentos são seus e quais não lhe pertencem. E então você poderá ver por trás da cortina da absoluta certeza, que por vezes nos cega e aprisiona. Garanto que você poderá descobrir mais sobre si próprio. Acredite, muitos de nós – esses que são considerados marginais pelo governo e imprensa – passamos pelo mesmo processo de negação. Porém cada um de nós teve contato com os livros e as ideias por eles geradas. Primeiro nos indignamos. Então tememos. Mas então, surgiu a dúvida e muitas outras se seguiram. E, antes que pudéssemos perceber, uma luz brilhante, a do conhecimento, afastou as nuvens que até então escureciam o olhar.

De primeiro veio o choque; a luz feriu os olhos, tão acostumados com a escuridão promovida pela certeza absoluta. Mas, ao nos acostumarmos, percebemos várias coisas ao nosso redor – tanto as belas como aquelas que nos assustavam. E vimos uma realidade nunca antes demonstrada. E viciamos nela, sendo tomados pelos seus encantos inegáveis.

Seus olhos agora devem possuir o dobro do tamanho natural, enquanto você encara, perplexo, esse documento. Sei que há um frio percorrendo sua espinha enquanto sua atenção continua atraída a cada letra como se fosse os pólos opostos de um imã. E várias perguntas devem permear sua cabeça logo em seguida – coisa que nunca lhe aconteceu com esse fluxo tão acelerado. Devo lhe informar que você está exercitando o ato do raciocínio, algo que realmente causa essas sensações quando experimentado. É um vício, devo prevenir-lhe seriamente. Uma vez apreciado, nunca mais fará com que seu olhar permaneça do mesmo modo diante de tudo que o cerca. E você precisará de mais, e cada vez em doses maiores. Até que sua mente não resista, e você precise recorrer aos tão temidos livros – aqueles mesmos que sempre disseram a você que seriam danosos. Sinto informar, estavam completamente certos. A dependência deles é irreversível. Assim que sua necessidade chegar a eles, não terá mais retorno. Seu hábito será estabelecido e você se tornará um leitor, a palavra mais temida em nossos dias.

Provavelmente agora o pavor e o medo o dominam, por temer ser pego com esse documento subversivo, o qual pode gerar as mais duras penas por parte de alguma autoridade que possa capturá-lo – sua garganta deve ter até secado, imaginando alguém surgir do nada, como nos filmes de policiais. Porém, creio que o pior pensamento que pode dominar sua mente – e que fará a entrada triunfal em seu escalpo nesse momento – é a possibilidade de você se sentir atraído a saber mais sobre o que conversamos aqui. O perigo e a curiosidade andam juntos, preciso prevenir-lhe. E são uma mistura danosa e extremamente excitante. Você certamente acaba de descobrir que aprecia a sensação de adrenalina correndo por sua suas veias.

Talvez esse seja um momento para que eu diga que você não está sozinho. Todos os dias pessoas são invadidas pelas mesmas sensações que você experimentou nesse documento. Como sei sobre isso? Acredite, se você chegou até esse ponto do texto, é porque a curiosidade já atingiu níveis capazes de despertar a sede de conhecimento que sempre existiu dentro de si, mas que somente com o devido estímulo - esse contido aqui, nesse texto - pode ser despertado.

Já que chegou aqui, preciso passar algumas instruções. Antes de tudo, saiba que precisará destruir esse documento imediatamente após o fim da leitura. Sim, eu tenho certeza que isso será custoso, até pelo fato de ter sido por essas linhas o seu contato inicial com essas ideias - aquelas perigosas que já conversamos. Certamente você tem o desejo de fazer novas consultas ou usá-lo como forma de nos localizar, e esse é o motivo pelo qual preciso orientar que você faça a destruição sem hesitar, de forma a proteger sua integridade e nossos leitores. Então, assim que seus olhos alcançarem a última palavra e a última linha, queime-o.

Logo em seguida, você precisará de um tempo para pensar. Sim, isso será extremamente necessário. Sua decisão em abraçar a vida de leitor rebelde deve ser tomada com sabedoria. Pode ser que você não esteja disposto aos riscos que certamente correrá a partir desse momento. Então recomendo que simplesmente esqueça tudo o que foi dito. Será difícil, uma vez que um mundo de conhecimento foi aberto aos seus olhos, e ignorar o que você sabe agora há de se tornar tarefa custosa. Mas, caso não tenha certeza de que está disposto a fazer o que for absolutamente necessário, recomendo que faça isso. Afinal, até esse momento seus olhos estavam fechados. Basta que repita o que vem fazendo nos últimos anos, e garanto que tudo voltará à habitual certeza absoluta de sempre.

Porém - e isso provavelmente acontecerá - caso o que você teve acesso aqui seja simplesmente muito encantador para que seja ignorado, não se apavore. Nesse momento você pode ser tomado por uma urgência sem fronteiras, e acabar tomando medidas descabidas, sendo pego antes mesmo de ler a primeira página de um livro - e sei que seus dedos formigam nesse instante para sentir o peso de um exemplar, como se fosse um troféu valioso, e folheá-lo com a mesma ânsia de uma criança pelo novo brinquedo. Mas acalme-se. Caso siga fielmente o recomendado aqui, isso não demorará a ocorrer, e você o fará com toda a segurança necessária.

Caso queira entrar em contato conosco, precisamos de seu sinal. Deixe uma luz acessa à noite em sua casa, e nós saberemos de suas intenções. Depois disso, basta aguardar, que nós o localizaremos, com toda a segurança necessária. Não se preocupe com as demais instruções, essas serão feitas quando você estiver junto a nossos leitores.

Enfim, independente do que aconteça a partir desse momento, não se esqueça: começa uma nova etapa em sua vida, definida por suas escolhas. A dúvida proporciona tais possibilidades. Com ela não há espaço para certeza absoluta.

Você perceberá que a dúvida é perigosa pelo fato de lhe fornecer instrumentos e fazer com que você pense. Ela traz insegurança, porém liberdade. Então reflita, pois está tudo em suas mãos.

Bem vindo a esse novo mundo, proporcionado pelo conhecimento.

1 comentários:

Juliana disse...

Olá Marcia, vc teria um e-mail de contato para me enviar? Estou fazendo uma pesquisa sobre fan Fiction e gostaria de falar com vc. Abraços, juliana (jujunolasco@gmail.com)